Descobrimos em antigas aulas de latim que é na região norte do país que a palavra “Perdão” se diz de maneira mais significativa: Perdom. Tem de ser à moda do Puorto, mesmo a sério. PER-DOM! Quer dizer, em latim, fazer o Dom máximo, completo. O per-donare do latim não deixa dúvidas, como o per-doar em português também não. É de Dom que falamos neste curso, claro. E se nos faltasse ainda perceber que no princípio era o Perdão? Ou seja, que o Perdão não vem depois do pecado mas o precede? Se no meio das nossas desgraças houvesse uma história de Graça que vai encontrando múltiplas formas de Redenção? E se no meio das nossas desorientações houvesse a graça de uma História que vai reinventando múltiplas formas de Absolvição? E se despertássemos só de saber que “absolvere” quer dizer “desatar nós” e é uma imagem tão forte de libertação? E se nos puséssemos a contar a história das maneiras como fomos lidando com a questão do Perdão e do pecado desde as comunidades apostólicas até aos nossos dias, passando por mosteiros na Irlanda e catedrais em França e missões na Baviera? Não era bom percebermos como aconteceu o processo que nos trouxe da "correcção fraterna” à “confissão auricular”, do gesto comunitário à sacerdotalização sacramental, da "ordem dos penitentes” às “penitências tarifadas”? E se nos puséssemos a abrir estas perguntas em meia dúzia de conversas?